Ex-Palmeiras, Romarinho é condenado por manipulação de resultado de jogo em Goiás

Além de Romarinho, dois empresários também foram condenados por participação no esquema
Ex-jogador do Palmeiras, Romário Hugo dos Santos, mais conhecido como “Romarinho”, foi condenado a 22 anos e 10 meses de prisão por participar de um esquema de manipulação de resultados em jogos de futebol profissional. A sentença foi publicada no último domingo (3/8), em Goiânia. Além do ex-atleta, dois empresários também foram condenados por participação no esquema. No total, cerca de 23 pessoas já foram identificadas durante as investigações.
Segundo o processo, Romarinho atuava como financiador e articulador do grupo. Para a Justiça, ele era responsável por pagar atletas e organizar os pagamentos das apostas feitas em sites esportivos, com base em resultados combinados.
Quem é Romarinho
Na carreira como jogador, passou por clubes como Atibaia, Atlético Sorocaba, Ypiranga, Passo Fundo, Guaratinguetá e Ponte Preta. Seu último registro como atleta profissional foi em 2019, pela Macaca. O auge da trajetória aconteceu entre 2009 e 2013, período em que defendeu o Palmeiras.
Hoje, Romarinho atua como empresário no ramo automotivo, com uma loja de veículos bastante conhecida entre jogadores e ex-jogadores de futebol.
Empresários condenados
Além dele, os empresários Thiago Chambó Andrade e Bruno Lopez de Moura também foram condenados. Eles atuavam em diferentes funções dentro da mesma organização criminosa: da escolha dos jogos até os repasses aos jogadores que aceitavam participar do esquema.
A condenação faz parte da Operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás (MPGO), que investiga esse tipo de crime desde fevereiro de 2023. Essa foi a primeira sentença de condenação em meio às várias ações penais que ainda estão em andamento.
Como funcionava a manipulação de resultados
De acordo com as investigações, o grupo combinava jogadas específicas, como pênaltis ou cartões, e até placares inteiros, para garantir lucros com apostas.
Os alvos eram jogos do Campeonato Brasileiro (Séries A e B) e de campeonatos estaduais, entre 2022 e 2023. As apostas eram feitas em sites especializados, e os lucros vinham de resultados previamente combinados.
Enquanto isso, torcedores, apostadores e os próprios clubes eram prejudicados pelas fraudes.
Quem foi condenado e por quê?
Romarinho: 22 anos e 10 meses de prisão. Teve papel importante no grupo, mesmo sem ser o líder formal.
Thiago Chambó Andrade: 5 anos e 9 meses de prisão, em regime semiaberto. Foi apontado como um dos mentores e cuidava da parte financeira.
Bruno Lopez de Moura: 19 anos de prisão. Fez um acordo para colaborar com as investigações, mas, segundo o juiz, não contribuiu de forma decisiva.
Além das penas de prisão, os três foram condenados a pagar, juntos, R$ 2 milhões por danos causados à sociedade.
Eles poderão recorrer em liberdade, mas devem cumprir regras, como não deixar o país e não manter contato com outros acusados.
Quais jogos foram manipulados?
A Justiça identificou 12 partidas manipuladas, sendo 11 do Campeonato Brasileiro de 2022 e 1 do Campeonato Gaúcho de 2023.
Campeonato Brasileiro de 2022:
Avaí x Athletico-PR (11/09)
Avaí x Fluminense e Cuiabá x Ceará (16/10)
Cuiabá x Avaí (27/10)
Santos x Avaí
Red Bull Bragantino x América-MG
Goiás x Juventude
Palmeiras x Cuiabá (05 e 06/11)
Fluminense x Goiás
Botafogo x Santos
Atlético-MG x Cuiabá (09 e 10/11)
Campeonato Gaúcho de 2023:
Esportivo x Novo Hamburgo (11/02)
Essas partidas foram usadas como base para as apostas combinadas pelo grupo criminoso.
Operação segue com mais investigados
A quarta fase da Operação Penalidade Máxima já identificou 23 pessoas envolvidas no esquema. Segundo o Ministério Público:
5 são acusadas de fazer parte da quadrilha
16 por oferecer dinheiro a jogadores para manipular jogos
5 por aceitar participar das fraudes
2 também por lavagem de dinheiro
Além das acusações criminais, o MPGO pede que os envolvidos paguem quase R$ 4 milhões em indenizações por danos causados à sociedade.
Segundo a sentença, o grupo era bem estruturado, com funções divididas entre líderes, intermediários e executores.
As provas usadas na condenação vieram de gravações telefônicas, mensagens extraídas de celulares, quebras de sigilo bancário e depoimentos. O esquema, segundo o juiz, foi planejado com o objetivo de obter lucros altos às custas da trapaça no futebol.
A Operação Penalidade Máxima continua com novas investigações em andamento.
O Mais Goiás não conseguiu contato com as defesas dos réus. O espaço segue aberto para manifestações.
Fonte: Mais Goiás